As coisas encobertas pertencem ao Senhor, ao nosso Deus, mas as reveladas pertencem a nós e aos nossos filhos para sempre, para que sigamos todas as palavras desta lei. Deuteronômio 29:29
Segundo alguns comentaristas este versículo não tem conexão aparente com o fio do discurso do capítulo 29 de Deuteronômio. É provável que a intenção de Moisés era fechar a série de bênçãos e maldições que ele acabara de entregar.
O sentido parece ser o seguinte: “O futuro, quando e como estas coisas boas e maus terão efeito, cabe ao Senhor nosso Deus determinar, não pertence à esfera e ao dever do homem. A vontade revelada de Deus é aquilo que devemos executar.” – (Notas de Barnes sobre a Bíblia).
Uma Resposta Simples
O teólogo suíço Karl Barth foi perguntado por um estudante durante um seminário nos Estados Unidos, “Dr. Barth, qual é a coisa mais profunda que você já aprendeu em seu estudo de teologia?”
Barth pensou por um momento e então respondeu: “Jesus me ama, isso eu sei, pois a Bíblia me diz isso”. Os alunos riram com sua resposta simplista, eles lentamente perceberam que Barth estava falando sério.
Foi uma resposta simples a uma questão de profundidade. Ao fazê-lo, ele chamava a atenção para pelo menos duas noções de importância vital:
1 – Na verdade cristã mais simples, reside uma profundidade que pode ocupar a mente das pessoas mais brilhantes por toda a vida.
2 – Mesmo na sofisticação teológica aprendida, nunca nos elevamos realmente acima do nível de entendimento de uma criança, as profundidades e riquezas misteriosas do caráter de Deus.
Calvino usou outra analogia, Deus fala conosco, assim como nós falamos com bebês que não sabem absolutamente nada sobre a vida.
Finito e Infinito
Nenhum ser humano tem a capacidade de compreender Deus exaustivamente. Há uma barreira embutida que proíbe uma compreensão total e abrangente de Deus. Somos criaturas finitas; Deus é um ser infinito. Aí reside o nosso problema. Como o finito compreenderá o infinito?
Teólogos medievais tinham uma frase que se tornou um axioma dominante para todo o estudo subsequente da teologia, “O finito não pode compreender (ou conter) o infinito.” Nada é mais óbvio do que um objeto infinito não pode ser espremido em um espaço finito.
As Coisas Reveladas
A incompreensibilidade de Deus não significa que nada sabemos sobre Deus. Pelo contrário, isso significa que nosso conhecimento é parcial e limitado, ficando aquém de um conhecimento total ou abrangente.
O conhecimento que Deus dá de Si mesmo através da revelação é real e útil. Podemos conhecer a Deus na medida em que Ele escolhe se revelar. Como criaturas finitas podemos ter a absoluta certeza de que há sempre mais para aprendermos de Deus.
Lutero se refere a dois aspectos de Deus: o oculto e o revelado. Uma parte do conhecimento divino permanece oculta ao nosso olhar, portanto trabalhamos à luz do que Deus revelou.
Há um significado profundo mesmo na mais simples das verdades cristãs. Não importa o quão profundo nosso conhecimento de teologia, haverá sempre muito sobre a natureza e o caráter de Deus que permanecerá um mistério para nós.