Então Jesus lhes disse: “Dêem a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. E ficaram admirados com ele. Marcos 12:17
O que Jesus quis dizer com Dê César o que é de César e a Deus o que é de Deus? Como isso teria sido entendido nos dias de Jesus, de modo que eles ficaram admirados?
Uma Armadilha
Os fariseus estavam tentando prendê-lo. Eles pensaram que tinham um dilema que seria difícil para Jesus responder. A pergunta era a seguinte:
Dize-nos, pois: Qual é a tua opinião? É certo pagar imposto a César ou não? Mateus 22:17
O dilema não está colocado de forma explícita nas escrituras, mas entende-se que:
Se Jesus disser “pague os impostos”, isso fará com que o povo comum se volte contra ele, pois, embora os judeus vivessem debaixo da autoridade romana, eles esperavam um libertador.
Se Ele disser, “não pague impostos”, então os Herodianos (agentes do rei) teriam uma prova de que Ele está fomentando uma rebelião.
A Resposta do Mestre
A leitura clara da resposta de Jesus é que ele simplesmente declara que o imposto deveria ser pago (ele não diz apenas isso, mas ele claramente diz isso), então a surpresa dos fariseus deve ter sido porque eles estavam esperando a resposta oposta.
Então, a resposta os “admirou” porque eles estavam esperando que Jesus rejeitasse o imposto.
Isto é bem apoiado com um olhar atento sobre a abordagem que os fariseus tomaram:
Enviaram-lhe seus discípulos juntamente com os herodianos que lhe disseram: “Mestre, sabemos que és íntegro e que ensinas o caminho de Deus conforme a verdade. Tu não te deixas influenciar por ninguém, porque não te prendes à aparência dos homens. Dize-nos, pois: Qual é a tua opinião? É certo pagar imposto a César ou não?” – Mateus 22:16,17
Os herodianos não teriam interesse em comparecer se estivessem esperando a resposta que Jesus deu: eles estavam antecipando algo que poderiam usar contra Jesus.
A questão não é se é certo pagar impostos a César, mas se é legal. Isso fica bem claro com a palavra “é lícito” utilizada para questionar o mestre.
Isso só faz sentido se a prática de pagar impostos a César em vez dos dízimos estipulados pela lei estivesse ocorrendo. Jesus diretamente aborda isso com sua resposta:
“Dê a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.”
A resposta que Jesus tem uma profundidade incrível. Além de abordar a questão jurídica que os fariseus perguntam, Jesus faz o ponto que César já possui o que ele está exigindo deles.
É a imagem de César que está naquela moeda.
Muitos acreditam que Jesus está se referindo aos dízimos e ofertas que deveriam ser entregues a Deus, mas se a moeda tinha a imagem de César e o imposto deveria ser “devolvido”, a pergunta que fica é, o que tem a imagem de Deus para ser dado a Deus de volta?
Essa é claramente uma alusão a Gênesis:
Então disse Deus: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança… – Gênesis 1:26
Jesus estava dizendo que o próprio ser deveria ser entregue a Deus.
Albert Barnes, aponta as duas entregas em seu comentário:
Dar a Deus o que ele alegava. Isso pode significar também,
1. O tributo anual devido ao serviço do templo, implicando que pagar tributo a César não os libertou da obrigação de fazer isso;
2. Que eles devem dar seus corações, vidas, propriedades, e influenciar tudo a Deus, como é devido.