Um colega de trabalho recebe uma promoção na mesma semana em que você foi demitido. A casa que você considerava “perfeita” para sua família é vendida para outro comprador. Você trabalha muitas horas em seu local de trabalho atual e é voluntário em várias organizações sem fins lucrativos, mas seu sonho de possuir um negócio é esmagado pela recusa de empréstimo de um banco.
Você está tentado a dizer: “Não é justo”?
As expectativas frustradas de Pedro
Sempre que nossas expectativas forem frustradas de alguma forma, provavelmente reclamaremos disso. Reclamar sobre injustiças percebidas é uma reação humana natural – mesmo entre aqueles que se dizem seguidores de Cristo. Mesmo entre os discípulos que seguiram Jesus por três anos.
Os doze discípulos ficaram surpresos quando Jesus certa vez observou que “é difícil um rico entrar no reino dos céus” (Mateus 19:23). Como a maioria dos judeus de sua época, os discípulos acreditavam que as riquezas eram um sinal do favor de Deus. Eles também assumiram que Jesus estabeleceria um reino na terra, no qual eles desfrutariam de posições de autoridade, privilégio e prosperidade.
Então, quando Jesus deu a entender que as riquezas podem não fazer parte do futuro deles, Pedro exclamou: “Deixamos tudo para seguir você! O que haverá então para nós?” (Mateus 19:27).
Você ouve o não dito “Não é justo” no tom de Pedro?
Bom Pedro. Ele disse coisas a Jesus que gostaríamos de dizer também: “Veja tudo o que fiz por Ti, Senhor. Quando começarei a colher os frutos dos meus esforços?
Os resmungos dos trabalhadores contratados
A resposta de Jesus é uma parábola sobre vários grupos de homens que foram contratados para trabalhar nas vinhas de um fazendeiro. O primeiro grupo chegou no início da manhã. De acordo com Mateus 20:2, o proprietário de terras “concordou em pagar-lhes um denário pelo dia” (NVI). A palavra acordado pode sugerir que os trabalhadores pediram aquele salário — o salário de um dia normal — e o proprietário concordou em pagá-lo. À medida que o dia avançava, mais trabalhadores chegavam — às 9h, meio-dia, 15h e 17h. O fazendeiro contratou todos eles sem indicar um salário fixo (Mateus 20:3-7).
No final do dia, todos os trabalhadores recebiam o mesmo salário – um denário. Foi quando a tripulação da madrugada gritou: “Não é justo!” Mateus registra: “Eles esperavam receber mais… mas, quando receberam [o denário], começaram a murmurar contra o proprietário” (v. 11).
O proprietário respondeu: “Não estou sendo injusto com você. Você não concordou em trabalhar por um denário? Pegue seu pagamento e vá embora. Quero dar ao homem que foi contratado por último o mesmo que dei a você. Não tenho o direito de fazer o que quiser com meu próprio dinheiro? Ou você está com inveja porque sou generoso?” (vv. 13-15).
Três lembretes quando Deus não parece justo
Através das palavras do fazendeiro, Jesus transmitiu a Pedro, e a nós, lembretes que podem nos ajudar a silenciar o “Não é justo!” mentalidade.
Primeiro, Jesus nos lembra que Deus nunca trata seus servos injustamente.
Os primeiros trabalhadores receberam a promessa de um salário justo e o receberam. Na verdade, Deus nos deu muito mais do que um salário justo. Ele nos redimiu com o precioso sangue de Jesus, retendo o justo castigo que merecemos por nossos pecados – a separação eterna de Deus. Além do mais, ele nos deu a habitação do Espírito aqui e a eternidade no céu depois que morrermos. O valor desses presentes graciosos excede em muito qualquer bênção terrena que possamos ou não receber.
Em segundo lugar, Jesus nos lembra que tudo pertence a Deus.
Que direito temos de questionar a maneira como ele usa seus recursos? Imagine um funcionário exigindo ver o talão de cheques de seu empregador e depois dizendo: “Você não deveria ter comprado um carro novo para seu filho. Você deveria ter aumentado meu salário!”
Ridículo, certo?
Mas isso é diferente de dizer a Deus quem ele deve ou não abençoar? Deus, por que você deu aquele trabalho a Suzanne, mas não me deu o emprego que eu queria? Por que Jack tem uma esposa amorosa e três filhos saudáveis, mas estou lutando como mãe solteira com uma criança com doença crônica?
Questionar a bondade ou justiça de Deus pode ser intrinsecamente humano (Adão e Eva o fizeram), mas também é pecaminoso. Isso cria uma barreira de amargura entre nós e Deus quando ele deseja se aproximar de nós durante tempos difíceis (Salmo 34:18; 2 Coríntios 1:3-4).
Terceiro, Jesus nos lembra que Deus é digno de confiança.
À tripulação das 9h, o proprietário disse: “Ide vós também trabalhar na minha vinha, e eu vos pagarei o que for justo” (v. 4). Esses trabalhadores não exigiam um determinado salário; eles confiaram no julgamento do proprietário.
Mais do que qualquer outra coisa, Deus anseia que confiemos nele, confiemos em sua soberania e bondade inerente. Acreditamos que ele tem o nosso melhor interesse no coração? Confiamos na promessa do Salmo 84:11 – “Nenhum bem sonegará aos que andam retamente”?
Jesus disse a Pedro: “Todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos ou campos por minha causa receberá cem vezes mais e herdará a vida eterna” (Mateus 19:29). Seu ponto era este: Siga-me. Sua recompensa nesta vida e na próxima será maior do que você pode imaginar.
Deus faz o que é certo
Confiamos em Deus o suficiente para abandonar nossa busca por um “salário justo”? Em vez disso, estamos dispostos a contar com ele para fazer “o que é certo”?
Vamos substituir nossa mentalidade “Não é justo” por afirmações como estas:
- Deus gracioso, obrigado pelas bênçãos que você já me deu e por aquelas que você planejou para o meu futuro.
- Deus generoso, creio que farás infinitamente mais do que eu poderia pedir ou imaginar (Efésios 3:20).
- Deus amoroso, confio em você para fazer “tudo o que é certo”.
Pedro deve ter levado esta parábola a sério. Em 1 Pedro 1:3-4, ele encorajou seus leitores sofredores a louvar a Deus por seu “novo nascimento para uma viva esperança… e [uma] herança que nunca pode perecer, estragar ou murchar—guardada no céu para você”. Ele também escreveu que Deus “nos deu tudo o que precisamos para a vida e a piedade” (2 Pedro 1:3).
Vamos escolher abraçar essas verdades também?