Nove horas da manhã. O gerente foi avisado por um dos funcionários de que o cofre estava apresentando um problema. Estava travado e não abria, de jeito nenhum.
O gerente foi até lá e acompanhou as tentativas desesperadas dos seus auxiliares para destravar o cofre e nada. Todos os documentos importantes do banco e também o dinheiro para o funcionamento das operações do dia estavam lá dentro.
O cofre tinha de ser aberto.
Sem outra alternativa, o gerente mandou chamar o chaveiro, seu Sebastião, um velho um tanto rabugento, porém muito competente.
Seu Sebastião chegou ao local, com sua maleta de ferramentas, ouviu as explicações dos funcionários, avaliou cuidadosamente a situação, encostou o ouvido no cofre. Mexeu um pouquinho o redondo do segredo, combinou com um movimento no trinque e pronto, o cofre estava aberto.
Aliás, não apenas o cofre se abriu. Abriram-se também sorrisos nos rostos até então angustiados de todos os presentes, que puderam, enfim, respirar aliviados.
– Quanto lhe devemos, seu Sebastião, perguntou o gerente.
– Duzentos reais, respondeu o velho, sem mudar o semblante.
– O que? O senhor deve estar brincando.
– Não senhor! Eu não brinco em serviço. São duzentos reais.
– O senhor está roubando! Falou o gerente alterado.Está tentando tirar proveito da situação. É um desonesto. Não vou pagar isso tudo.
Seu Sebastião nem esperou o gerente terminar a frase. Bateu a porta do cofre, juntou sua maleta e saiu porta a fora, resmungando qualquer coisa.
Todos se olharam perplexos e, ato contínuo, correram para o cofre na esperança de que ainda estivesse destravado. Não estava. Tentaram repetir a operação feita pelo velho chaveiro, mas não funcionou. Nada funcionava.
A porta do cofre estava, definitivamente travada.
Todos olhavam para o gerente com aquela cara de “olha só o que você fez”. E a fila de gente aumentando lá fora. E o relógio caminhando para a hora fatídica de abrir o banco. E não havia nada que se pudesse fazer. Aliás, havia: chamar o Seu Sebastião de volta e pagar o que ele estava pedindo. Convenceram o gerente de que essa era a melhor (a única saída). E foram chamar o seu Sebastião que estava lá na sua oficina, furioso da vida.
– De jeito nenhum que eu volto lá. O sujeito me chamou de ladrão e desonesto.
– Mas seu Sebastião. Ele estava nervoso. Já mudou de idéia.
Tentaram todos os argumentos até que seu Sebastião concordou em voltar. Com uma condição:
– Ele tem que me pedir desculpas.
Foi outra dificuldade, mas os funcionários convenceram o gerente e ele pediu desculpas ao seu Sebastião que, enfim, voltou ao trabalho (Uma mexidinha no redondo do segredo, combinada com um movimento no trinque… cofre aberto!).
O gerente, ainda contrariado, ordenou a um dos funcionários:
– Pague os duzentos reais ao homem.
Seu Sebastião interrompeu:
– Não, senhor! Não são duzentos reais. São quatrocentos. Eu abri o cofre duas vezes!
O gerente quis reagir, mas foi fulminado por meia dúzia de olhares dos seus colegas. E seu Sebastião saiu da agência com os seus quatrocentos reais.
Moral da história:
O preço do seu serviço não está no que você faz e sim no que você sabe;
Pura verdade!
este da foto sou eu com certeza.