Não te prostrarás diante deles nem lhes prestarás culto, porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que castigo os filhos pelos pecados de seus pais até a terceira e quarta geração daqueles que me desprezam – Êxodo 20:5
Esse é um dos textos que geram uma série de dúvidas, tais como, “Por que as crianças seriam punidas pelos pecados dos pais?” ou “Por que os pais possivelmente ficariam impunes?”
Entendendo a História
O contexto é basicamente o Antigo Testamento sob a Lei de Moisés. Deus através de Moisés salvou Israel como escravos no Egito e quer levá-los para uma terra que mana leite e mel para adorá-lo e ser o povo de Deus.
Adorar ídolos quebraria essa aliança, e Ele os deixaria fora da terra se eles persistissem nesse comportamento.(Levítico capítulo 26 explicita as regras desta aliança muito claramente).
Deus não permitiria que eles permanecessem na terra que Ele estava dando a eles se praticassem a idolatria.
Em Levítico 26, Deus os adverte que, se sob geração, após geração eles ainda continuassem a quebrar a aliança, então:
“Se apesar disso tudo vocês ainda não me ouvirem, mas continuarem a opor-se a mim, então com furor me oporei a vocês, e eu mesmo os castigarei sete vezes mais por causa dos seus pecados. Levítico 26:27,28
Então a terra desfrutará os seus anos sabáticos enquanto estiver desolada e enquanto vocês estiverem na terra dos seus inimigos; e a terra descansará e desfrutará os seus sábados. Enquanto estiver desolada, a terra terá o descanso sabático que não teve quando vocês a habitaram. Levítico 26:34,35
A Idolatria
“A idolatria do mundo antigo não era, praticamente, uma mera adoração de seres celestes através de representações materiais deles, mas uma cultura real das próprias imagens, que eram consideradas possuidoras de poderes miraculosos.” – Ellicott’s Commentary for English Readers
À luz desse contexto, vemos que Israel praticava a idolatria, mas Deus não os expulsou da terra ainda que por algumas gerações posteriores.
É provável que não se tratava de “três gerações” literais ou ainda que Deus mostrou misericórdia e prolongou o tempo de seus julgamentos.
Isso não significa que a primeira geração que praticava a idolatria ficaria sem qualquer punição, significava apenas que, como nação, sob os pecados nacionais, Deus não os puniria imediatamente.
Segundo, isso não significa que Deus puniria os inocentes, pois se uma geração parasse a prática, Deus os restauraria e perdoaria. A frase implica “persistência no pecado” para “gerações”.
Notamos que pela constante prática da idolatria acabou que Deus expulsou-os da terra durante os cativeiros assírios e babilônicos.
Mandamento para a Nação
Todo o contexto nos diz então que não se trata de uma punição individual, algo como os filhos pagando pelo pecado individual dos pais, mas sim do pecado do povo como um todo.
Imagine que como nação o Brasil comece a aumentar em corrupção em todas as esferas até que o País quebre, as próximas gerações sofrerão o impacto dessa ação inconsequente.
É claro que, mesmo nesse cenário, para os julgamentos da nação, os inocentes estão envolvidos junto com os iníquos.
Até os profetas foram arrastados para o exílio pelos pecados das gerações anteriores.
Consequência do Pecado dos Pais
Embora o contexto não indique punição por parte de Deus para os filhos “inocentes”, naturalmente esses sofrem a consequência do pecado dos pais.
Filhos e descendentes remotos herdam as conseqüências dos pecados de seus pais, na doença, na pobreza, no cativeiro, com todas as influências do mau exemplo e das más comunicações. – Notas de Barnes sobre a Bíblia
Os filhos e netos de idólatras começariam na vida em desvantagem. As vidas cruéis de seus pais teriam semeado nelas as sementes do mal físico e moral. Eles comumente seriam criados em cursos errados, têm seu senso moral pervertido precocemente e, portanto, sofrem pelos defeitos de seus pais. – Comentário do Púlpito.
Na Exposição de Gill sobre a Bíblia, é interessante notar um ponto de vista diferente:
Algumas vezes os pais viviam para ver com seus olhos, o castigo infligido a seus filhos por causa de seus pecados, o que deveria ser angustiante para eles; Pensar o que seus pecados trariam aos seus descendentes, poderia dissuadi-los a compartilhar os tristes efeitos de suas iniquidades, e assim ser um meio para mudar as atitudes dos descendentes. – Exposição de Gill sobre a Bíblia