Ainda outro dia estava lendo um site jurídico e deparei-me com uma informação muitíssimo triste e preocupante.
O País dos Divórcios
Segundo consta, no Brasil acontece anualmente algo em torno de 140 mil divórcios!
Em outro site comenta-se que durante o período da pandemia, até o mês de julho do ano passado (2020), houve um aumento de mais de 18% dos divórcios.
A parte mais preocupante desta notícia é que segundo os estudos feitos pelos órgãos competentes o número de registros de divórcios caiu nos meses de março e abril de 2020 não porque as pessoas resolveram investir no casamento, mas porque a redução do efetivo dos cartórios e o horário reduzido de funcionamento por causa da pandemia dificultaram os procedimentos.
Esses dados são muito preocupantes pois eles apenas demonstram as situações em que as pessoas decidem ir até o cartório e formalizar uma situação de fato, ou seja, os casais decidem terminar oficialmente o casamento.
Embora represente um dado alarmante, ele não espelha a realidade pois deixa de considerar o imenso quantitativo que, simplesmente, resolve desistir da relação e iniciam uma “nova vida” sem formalizar a separação.
Casamento, Amor x Sentimentos
Pensando nisso lembrei-me do quanto a humanidade está se afastando da Palavra de Deus, quer por desconhecimento, quer por não dar o devido valor aos seus ensinamentos.
Assim, resolvi fazer um brevíssimo estudo sobre o verdadeiro significado de um casamento cristão e como este deve se desenvolver com base no Amor e não em sentimentos.
Partindo nosso estudo lembramos do sempre atual texto de Paulo em 1Co 13, onde ele decanta e ensina o que é o verdadeiro amor.
Os casamentos atuais estão fundamentados em sentimentos e não em compromissos, por isso é que se torna tão comum as separações, assim, enquanto eu “sinto” algo pela pessoa eu permaneço ao seu lado, mas, se ao acordar, por qualquer motivo esse sentimento diminuir o meu relacionamento também acabará.
Gostaria de analisar esse comportamento secular em face dos ensinamentos Bíblicos.
Será que o amor que as pessoas atualmente afirmam sentir por seu cônjuge é realmente um amor bíblico ou será que trouxemos para dentro de uma instituição pensada por Deus (família) definições e comportamentos seculares?
Um Amor Paciente
Iremos analisar os versículos 4 a 6, de 1Co 13, com o objetivo de observar as verdadeiras características do amor cristão.
Embora essa passagem tenha sido descrita em relação aos dons, podemos perceber que ele , também, descreve o verdadeiro amor, logo, segundo o texto de Efésios 5, percebemos que assim como Cristo amou a sua igreja, nós também devemos amar nossos cônjuges com amor verdadeiro.
Paulo começa o texto de 1Co 13. 4, afirmando que o amor é paciente. A palavra grega traduzida como paciente está vinculada a paciência com pessoas e não com circunstâncias, portanto, a pessoa até poderia tomar atitudes vingativas em relação a outra, porém escolhe, livremente, suportar e auxiliar.
Nos dias atuais, quer pelas circunstâncias, quer pelo egoísmo que faz com que cada um olhe apenas as suas necessidades, a paciência é fundamental.
Se pretendemos amar as pessoas, em especial nosso cônjuge, devemos lembrar que não importa quem está certo ou errado, o que importa é que eu devo ajudá-lo(a) a superar um momento ou uma situação difícil.
Veja, o amor bíblico é contrário ao “bateu, levou!”. Amor bíblico é um amor disposto a ajudar o próximo.
Um Amor Benigno
Jesus é a expressão máxima desse amor pois, muito embora não precisasse sofrer por nós, Ele aceitou morrer em nosso lugar.
O versículo 4 de 1Co 13, fala também que o amor é benigno. Esta palavra significa que devemos reagir com bondade em relação àqueles que nos machucam e maltratam. Veja, mesmo tendo todos os motivos e meios para “revidar” um comportamento, o verdadeiro amor faz com que a pessoa haja com bondade.
Muitos podem pensar que são pessoas boas e que não desejam o mal de ninguém, nesses casos, a melhor maneira de saber se nossas atitudes são realmente boas é nos colocar no lugar do próximo e então perguntar: será que eu gostaria de ser tratado assim?
Paciência e benignidade são duas coisas que devem, sempre e em qualquer situação, caminharem juntas.
Um Amor Puro
O texto continua afirmando que o amor não arde em ciúmes, não se ufana e não se ensoberbece. Alguém já disse, em relação ao ciúmes, que o amor não se aborrece em relação ao sucesso dos outros.
A verdade é que é mais fácil chorar com os que choram do que se alegrar com a vitória dos outros!
Ufanar é se vangloriar, ser presunçoso. A vaidade em excesso acaba sufocando o próximo pois ocupa tanto o seu lugar na vida da pessoa como também o lugar do próximo.
Ensoberbece ou se gloriar. Os crentes de Corinto estavam, se vangloriando por causa de suas condições espirituais e profissionais.
Quando damos mais ênfase em nossa condição corremos o risco de afastar Deus e glorificar o homem. No amor, quando a pessoa acaba se exaltando, se glorificando excessivamente ela acaba, mesmo que inconscientemente, menosprezando o outro.
O Amor procura o interesse do próximo
O amor não se conduz inconvenientemente nem procura os seus próprios interesses. Está é uma das orientações mais desrespeitadas na atualidade.
Casais que disputam quem ganham mais, quem tem maior status, quem tem melhor condição.
Relacionamentos centrados apenas em nossa condição são como verdadeiros furacões, possuem um centro minúsculo mas produzem um imenso estrago ao seu redor.
A grande maioria dos problemas que enfrentamos em casa, na igreja e no trabalho acontece porque estamos mais preocupados em lutar e defender o que é nosso do que o que é do outro!
O amor não se exaspera não se ressente do mal
Não exasperar é não estar pronto para ofender, de fato, o verdadeiro amor está sempre pronto a não agir ou pensar com mal em relação ao próximo.
Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. Na igreja de Corinto acontecia coisas imorais e dignas de misericórdia.
Corinto era uma cidade portuária e, portanto, tinha uma população bem diversificada. E verdade era uma cidade onde a imoralidade, em todos os seus níveis, era deplorável.
Na época, quando as pessoas queriam fazer algo imoral sexualmente, beber ou praticar qualquer ato carnal eles costumavam dizer que iriam “corintianizar”.
O problema é que essas práticas acabaram entrando na igreja e seus líderes não repreenderam o comportamento.
Aceitar práticas antibíblicas como normais não é forma de amor, mas de indiferença que pode levar a morte espiritual das pessoas.
O Amor tudo suporta
Por fim, Paulo faz a afirmação que sintetiza tudo o que foi escrito, o amor tudo sofre tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
Sofrer, por amor, significa que muitas vezes abrimos mão de nossos interesses e convicções para que possamos caminhar juntos.
Certa vez minha esposa perguntou a uma irmã que estava completando sessenta anos de casada, como ela conseguiu manter a família unida e seu casamento por tantos anos.
A resposta daquela irmã foi simples, porém profunda: “Minha irmã, eu preferi a minha família e casamento ao invés de querer estar sempre certa!”
O crescente número de divórcios nos mostra o quanto distante estamos destes padrões bíblicos.
Minhas orações são para que, todos nós, a começar por mim, sejamos praticantes da Palavra e não apenas ouvintes (Tg 1.22).
Que o Senhor te abençoe e te guarde!
Fernando Marques Sá é casado com Simone, pai de Thiago e Fernanda, formado em Teologia, Mestrando em Hermenêutica e Pregação pelo Seminário Betel Brasileiro, autor de livros cristãos e Pastor na Igreja Cristã Evangélica do Mandaqui.
Achei muito interessante!